o que é a vida?

Alguém poderia dizer? ou ainda, se dito alguém poderia entender?


Avisto um gato em trajes de ancião, com as patas flexionadas, dando menção de que iria saltar.

Parei. acendi um cigarro e continuei observando;

Ele como uma escultura em gesso, permaneceu estático. Com mais um trago,avancei até ele  invadindo seus olhos
E questionei:

O que é a vida?

ao que questionei
as nossas luzes criaram uma fusão elástica, em que as cores trocavam nossa feição.
ódio e carisma, terror iâmbico e susto, amor e crueldade. preto azul e branco
laranja.

Com o mesmo globos, suas pupilas dilatam e abandonando os meus olhos circula o ambiente. De cima, para os lados, para o centro, de cima, os lados até o centro. de cima para o lado indo ao centro.
Formando um imenso espiral.

desde do alto da montanha o vento me acompanha mas nem sempre eu o seguia... voltei para a cidade os carros inertes na estrada, avançavam os semáforos... as casas e os prédios todos erguidos sob uma equação com referencial, o angulo reto. uniformizando as possibilidades das paisagens. Do outro lado da rua o ancião gato descansava teu espirito, estava estático depois que escorregou da mureta da janela do prédio. do quinto andar até o chão são três segundos de queda livre... mas qual a dimensão desse tempo, a sensação, a intensidade seria realmente como ver o ponteiro avançar três casas do relógio?
não atravessei a rua para questiona-lo. Acenei e continuei.

caminhando na estrada, um olho na lua outro na terra, pude ver  vermelho e a violeta dando formas às pétalas ao entrar no parque o silêncio compassado pelas pedras, as árvores, as quedas d'água e corte da tesoura do homem que retirava algumas flores e sutilmente colocava no cesto, criavam uma sinfonia.

inspirei, expirei, inspirei, expirei.
Com passos leves e cambalhotas, invadi os olhos do individuo e questionei

O que é a vida?

Ele parou por algum momento com os seus olhos perplexo em mim, e logo continuou a escolher as flores.
respondeu sem me olhar:
- Não sei não, sei que que estou vivendo.

um botão de margarida cai no chão, nosso olhos elásticos, criaram a con-fusão sobre a vida que não fora desabrochada.

Que pergunta!?
E você não sabe o que é a vida não?

respondi com o silêncio do gato. apontando o ambiente, sem encontrar palavras.


As árvores dividiram personalidades, as pedras os humores, o vento a alma.

as sombras estavam geladas, o sol queimava a pele, a estrada embaçava...

Tomei café, a frente ao parque.
mas já estava longe.

Deitado sobre a mochila encostada no banco que ainda não abrira, folheava um livro de contos que roubei emprestado de um amigo; as vezes encarava a contra capa com a ilustração que ele deixará;

Mas que raios, por que desmistificar? não é nada realista! de certo é a imagem do medo;
Porque os braços escapam da cabeça, e as mãos saem das pernas?

olhei algumas vezes, revezando com um olhar cego pra dentro da padaria;

Quando focalizei,  uma moça retirou um cigarro de uma carteira que estava sobre o balcão ao lado de um senhor; deu um ultimo gole do seu café e caminhou em direção a saída;
o senhor virou a cabeça e acompanhou seu andar até a porta;

Fui até ela, ante que atravessasse a rua, e pedi-lhe um cigarro;
ela retirou do bolso um maço inteiro e me cedeu;

pedi também o esqueiro, enquanto acendia questionei:

Rouba cigarros?

ela espantou com a pergunta; e virou as costas;

Hey teu esqueiro!

Pode ficar acabei de roubar esse.

por um momento parei, vi o senhor sair da padaria procurando algo dentro dos bolsos;
corri na direção dela, toquei seu braço, invadi seus olhos

- São Lindos!!

Azuis?

Ela fechou os olhos, ameaçou um sorriso, e continuou;

Hey, pode me tirar uma dúvida?

o que é a vida?

Ela me encarou banhando-me com o azul;

A vida é liberdade






Roubei o ultimo cigarro;
E perdi, em um pulmão que esperava mais um maço, ou mas nenhum;

Enchi um copo com água 


Entramos no bar, fizeram pagar a mais, não sei por qual motivo.
sentamos na mesa de um desconhecido
perguntamos os nomes.
Oferecemos nossa história,
perguntamos de onde são.

Dançamos,
abandonados
na multidão;

Fizeram uma sessão de Sinatra
foi quando
nosso sorriso acendeu
uma chama

Quando começou a dinossauro Jr
Nenhum de nós conhecíamos
era a primeira vez ouvindo aquela guitarra incendiaria

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Apolítico I

Compactuava os rostos de um espirito

Dia sim, Dia não...